Nos últimos anos, a indústria alimentícia tem visto a emergência de novos processos tecnológicos, tanto térmicos quanto não térmicos. Essas tecnologias incluem aquecimento ôhmico, alta pressão hidrostática, impregnação a vácuo, embalagens de libertação controlada, luz pulsada, atmosfera modificada, desidratação osmótica, ultrassons e radiação ultravioleta, entre outras. Essas tecnologias têm sido estudadas e desenvolvidas para atender às exigências dos consumidores por alimentos frescos, nutritivos, menos processados e sem aditivos. Para avaliar o sucesso desses produtos no mercado português, um estudo foi realizado com uma pesquisa bibliográfica e um inquérito. A pesquisa abrangeu 642 indivíduos de ambos os sexos, com diferentes origens, idades, habilitações e rendimentos. Os resultados indicaram que há pouca informação sobre as tecnologias emergentes no país, e que é necessário informar melhor os consumidores sobre as vantagens e benefícios dessas tecnologias para que os produtos produzidos por elas tenham sucesso. Embora haja um certo grau de preocupação em relação aos produtos processados por essas tecnologias, a percentagem de indivíduos preocupados é baixa para todas as tecnologias.
O medo de que essas tecnologias possam provocar o câncer é o fator mais relevante na opinião dos inquiridos que se mostram preocupados. Entre as tecnologias mais preocupantes estão a radiação ultravioleta, os ultrassons, os pulsos elétricos, a luz pulsada e as embalagens de atmosfera modificada. As tecnologias menos preocupantes são as embalagens de libertação controlada, a alta pressão hidrostática e a impregnação a vácuo. A radiação como meio de conservação de alimentos deve avaliar a eficácia desse método na redução de microrganismos patogênicos e na extensão da vida útil dos alimentos. Além disso, a pesquisa analisa as possíveis mudanças nas características sensoriais, nutricionais e químicas dos alimentos irradiados e compará-las com as de alimentos tratados com outros métodos de conservação. A segurança do método de irradiação de alimentos é avaliar os efeitos potenciais da radiação ionizante na saúde humana e no meio ambiente. Com base nessas informações, a pesquisa tem como principal objetivo fornecer informações valiosas para a indústria alimentícia sobre a viabilidade e a aplicabilidade da irradiação como método de conservação de alimentos, bem como orientações sobre como melhorar a aceitação do consumidor e a segurança do método. Em 1905, nos EUA e Inglaterra, já registram-se os primeiros usos dessa irradiação para inativar um parasita humano, o Trichinella Spiralis, que contaminava a carne de porcos. Desde então, diversos estudos foram feitos na área de irradiação de alimentos, sendo a mais estudada técnica de conservação e descontaminação alimentar. (VENTURA et. Al, 2010) Na indústria dos alimentos as fontes radioativas utilizadas são Co-60 e Cs-137 e, no processo, apenas raios gama entram em contato com o alimento, modificando a estrutura molecular de forma a impedir a divisão celular de organismos orgânicos sem que haja contaminação toxicológica através da radioatividade. (SILVA; ROSA, 2010). Devido ao fato da radiação ionizante ter potencial para causar alterações químicas, a segurança dos alimentos irradiados para o consumo humano tem sido questionada. Neste âmbito a salubridade dos alimentos irradiados tem sido objeto de investigações a nível nacional e internacional, revistas e avaliadas por comitês de especialistas conjuntos da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). As investigações na área de irradiação de alimentos tiveram início em 1895 com a descoberta do raio X por Roentgen e da radioatividade por Becquerel em 1896. Em 1905 surgiu a primeira patente sobre tratamento de alimentos (especialmente de cereais) feito com raios alfa, beta e gama oriundos de substância radioativa. A aceitação dos consumidores é crucial para o sucesso do desenvolvimento de novos produtos (MacFie, 2007). Assim a atitude dos consumidores em relação a produtos processados com novas tecnologias deve ser tomada em conta no início do desenvolvimento do produto. Tanto as perspectivas dos consumidores como as dos produtores devem ser analisadas para que o produto tenha sucesso no mercado (Siegrist, 2008). Normalmente os consumidores associam as novas tecnologias de processamento de alimentos a um maior risco para a saúde do que as tecnologias tradicionais. Resultados de uma sondagem feita na Suíça mostraram que os interrogados veem os alimentos irradiados, plantas e animais geneticamente modificados como sendo um assustador e desconhecido perigo ou risco alimentar (Siegrist, Keller, & Kiers, 2006). A dose de radiação ou nível do tratamento é definida como a quantidade de energia absorvida durante a exposição do produto, onde D é conhecida como dose absorvida, (𝑑E) representa a energia transmitida ao alimento pelos fótons ou partículas ionizantes e (𝑑𝑚) traduz a unidade de massa (10,21). 𝐷 = 𝑑𝐸 𝑑𝑚 (1) Tradicionalmente, a dose de radiação de ionização absorvida pelo material irradiado tem sido medida em unidades de rad, mas recentemente esta unidade foi substituída pelo gray (Gy), que 18 é igual a 100 rad. Por sua vez, o Gy equivale a 1 Joule de energia absorvida por quilograma do produto irradiado, cuja energia absorvida é dependente da massa, densidade e espessura do alimento. As doses nos alimentos irradiados são usualmente classificadas como: baixas (menores que 1,0 kGy), médias (1-10 kGy) e elevadas (maiores que 10 kGy) (9,22). A dose real de radiação utilizada em qualquer aplicação de processamento de alimentos representa um equilíbrio entre a quantidade necessária para produzir um resultado desejado e a quantidade que o produto pode tolerar sem sofrer alterações indesejadas. O processo de irradiação, quando bem conduzido, não implica em danos ambientais ou à saúde humana, sendo apoiado por instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), Food and Agricultural Organization (FAO), U.S.Food and Drugs Administration e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sempre embasados em trabalhos científicos que atestam a tecnologia como eficiente e segura. Vários alimentos podem ser irradiados como frutas, hortaliças, grãos, até mesmo produtos já industrializados podem ter sua meia vida alongada para, transportes para outros países, tornando nosso produto nacional, competitivo, nutritivo e de qualidade assegurado pelos órgão nacionais e internacionais. Os motivos que despertam o interesse da irradiação de alimentos estão relacionados com as grandes perdas de alimentos que ocorrem constantemente, como consequência da infestação, contaminação e decomposição dos mesmos, a crescente preocupação com respeito às doenças transmitidas pelos alimentos e o aumento do comércio internacional de produtos alimentícios sujeitos a normas de exportação rígidas em matéria de qualidade e de quarentena. A escassez de alimentos no planeta, com clima cada vez mais severo, secas prolongadas, chuvas torrenciais, o desmatamento e o aquecimento global a cada dia tomando rumos irreversíveis, potencializa a busca de maneiras de conservar e prolongar a vida dos alimentos. Recursos Metodológicos: Trata - se de um estudo exploratório de abordagem descritiva que foi realizado de abril de 2023 até maio de 2023 no qual foram pesquisados artigos científicos, livros, revistas, que abrangem a temática estudada. Para tanto foram utilizados descritores para a pesquisa dos quais se apresentam ao DeCS sendo "radiação", "alimento" e " conservação". Foram pesquisados nas bases de dados como Scielo, Lilacs, BVS, Google Acadêmico, biblioteca da Faculdade ITEC.